segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O show de Harold



Situação A: Você é uma conceituada escritora, que não publica nada há 10 anos e está trabalhando de novo, mas empacou num ponto crucial do enredo: o desfecho do personagem principal. Você começa uma pesquisa para sair do seu bloqueio criativo, mas não aparece nenhuma idéia para salvar a pátria. Um belo dia, ouve a campainha. Quem está do outro lado é ninguém menos que o protagonista do seu novo livro.

Situação B: Você é um auditor da receita federal. Na manhã de uma quarta-feira qualquer, você está escovando os dentes. Escuta uma voz, vinda sabe-se lá de onde, narrando a sua rotina. Ela sabe exatamente o que você está pensando, sentindo, fazendo. Esquizofrenia? Não parece. Assistindo a uma entrevista na TV, você reconhece a voz como aquela que vem lhe perseguindo nas últimas semanas. É a de uma célebre e reclusa escritora, que tem a marca registrada de matar seus protagonistas de formas inusitadas.

É dessa combinação insólita que "Mais estranho que a ficção" (escondido na sessão de comédia da locadora) é feito. Eu, que lembrava do Will Ferrell como mais um dummy do "Saturday Night Live" - que, contra a opinião geral, acho um dos programas mais chatos da televisão, apesar de ser o berço de alguns dos melhores comediantes americanos - fiquei surpresa: o cara acaba de ganhar o meu respeito graças ao atrapalhado Harold Crick, protagonista do filme. 

Outro curinga da produção é a sempre gracinha Maggie Gyllenhaal, que adoro desde "Secretária" (é, tenho uma queda por personagens excêntricos), como seu par romântico. Um plus são os efeitos gráficos para enfatizar a infinidade de números que dominam a vida meticulosamente calculada de Harold. Quer dizer, até ele decidir virar tudo de cabeça pra baixo.
 
  


                        

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