quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Não seria da ignorância pedante?

Algumas frases e palavras parecem ter o poder de cobrir de inovação quem as profere. "Vivemos na era da informação", por exemplo. Junto com "meios técnico-científico-informacionais", é o bambambam das conversas de quem pretende se demonstrar antenado. Já escutei tanto que tenho tiques a cada vez que ouço de novo (apesar de que, vez ou outra, eu mesma caio nesse lugar-comum). Nesse caso, a afirmação já praticamente perdeu o significado e virou um comentário que a gente faz com relação à enorme quantidade de estímulos e produtos culturais aos quais estamos todos expostos.
Afinal, será que estamos tão bem informados assim? Tenho pensado muito a respeito. Que temos acesso a uma quantidade imensa de dados, não há duvida. Os poréns são que poucas são as fontes dignas de confiança, poucos os meios de buscá-las e pouco também é o tempo para assimilar toda essa informação. Ler um jornal todos os dias, trabalhar, estudar e dedicar algum tempo para a vida pessoal (namorar, ver os amigos, descansar) já é um desafio. Estou chegando à conclusão de que fazer isso tudo e se aprofundar em questões políticas, culturais, esportivas, científicas, tecnológicas etc é uma causa perdida. Como estudante de jornalismo, em teoria eu deveria saber quase tudo o que acontece, mas só se eu fosse o Quinto Elemento (lembra da cena em que a Milla Jovovich aprende História?).
Tenho mania de listas. Programação diária (inclusive contando o tempo que passo no metrô ou o que sobra no almoço), orçamento, filmes que quero ver, cursos interessantes, indicações de livros feitas pelos professores da faculdade. Quase todas resultam em nada (se bem que, há pouco tempo, me endividei na FNAC e na Saraiva pra conseguir comprar pelo menos alguns dos livros indicados, só Deus sabe quando vou conseguir lê-los). Da última vez em que tentei me programar para me manter informada, foi uma frustração só. Assinar um jornal, ler duas revistas semanais e duas mensais, ir ao cinema ou alugar um DVD pelo menos uma vez por semana e acompanhar mais a programação da TV revelou-se impossível. Sugiro um abaixo-assinado pedindo um dia com 36 horas (mas para quem?).

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Nem Freud, nem Chico Buarque, Nietsche ou o raio que o parta explica

O legal da atualidade é que todo mundo pode se sentir especial, né? Existem diversas patologias pós-modernas em que todos invariavelmente se encaixam. Ao mesmo tempo em que a sociedade vive sua era mais permissiva, cada ser humano agora se tornou portador de infindáveis fobias, déficits, psicoses, manias e distúrbios.
Cada hora leio alguma coisa diferente a respeito, designações em latim ou grego que eu definitivamente não vou gravar. A culpa, as frustrações, os altos e baixos do comportamento humano, o estado por vezes obsessivo que acompanha um grande interesse, a vontade de estar só, tudo é doença, ameaça à "felicidade integral". É claro que existe aquela história de que qualquer coisa em excesso é prejudicial e motivo de preocupação. Comer demais, de menos, gastar o que não se tem para alimentar a própria vaidade ou desprender-se totalmente dela é sinal de que algo não vai bem mentalmente. Mas sob que parâmetros, me diz?
Estranho também como existem os distúrbios da moda. Transtorno bipolar está super in, por exemplo. Uma amiga uma vez me contou sobre uma menina que fazia tipo dizendo ter "um déficit na química da felicidade". A criatura então "se isolava" para repousar na casa de Teresópolis, mas essa minha amiga sempre a via transitando toda serelepe com os amigos por aí.
Sabe-se lá o que realmente se passa com a tal, mas é só para ilustrar como a tristeza pode ser cult. Isso sem mencionar o fênomeno "emo".
Chega a ser curioso como somos pressionados a alcançar a felicidade suprema e como ironicamente é isso o que nos impele à melancolia. Ao mesmo tempo, nos sentimos frágeis, ansiosos e neuróticos por qualquer inquietação e acreditamos que deve haver uma solução na psiquiatria, algo que explique o que não possui uma explicação lógica e exatamente no momento em que nós, mimados, exigimos.

Prezado mané

Há algum tempo que vem me incomodando a babaquice de certos indivíduos. Com certeza isso acontece desde sempre, mas hoje eu quero falar sobre um caso especial de comportamento Butthead. Eu parto do princípio de que todo mundo merece um voto de confiança e simpatia, então quando conheço e convivo com alguém rio, conto piada, pergunto se a pessoa vai bem. Daí vez ou outra percebo um ogro se estufando todo, se sentindo o gostosão da propaganda do Avanço. Será que eu preciso berrar "não, eu não quero dar pra você" ?!?
What the fuck is your problem, buddy? Não dá pra entender se é auto-estima na sobrancelha do Cristo Redentor ou no fundo do poço da Samara! Por que algumas pessoas não conseguem ter a civilidade de concluir que alguém legal não está necessariamente dando mole, mas simplesmente sendo legal?
Às vezes o mané é tão, mas tão pouco dotado de semancol que mesmo com o meu total descaso insiste (há que se admirar a persistência dos manés) na atitude "Right said fred". Solução de choque: viro aquela namorada mala que só consegue criar frases como "meu namorado é tão fofo, fez sei lá o quê" ou construídas na primeira pessoa do plural, como se eu fosse parte de uma simbiose. Geralmente funciona.