segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Médio, mediano, medíocre

Conheço gente que trabalha fazendo exatamente a mesma coisa há anos, mais por comodismo que por vocação. Gente que acorda e dorme todo santo dia ao lado de quem não ama. Ou será que ama? Já nem se sabe mais. Não estou falando daquelas pessoas que vivem assim conscientemente, mas das que se acostumam a não exigir da vida. Que sentem conforto em levar a vida em banho-maria, em ter uma boa ideia de como vai terminar o dia, o mês, o ano e assim por diante.
Dos que ignoram o prazer de se aventurar no abismo, de vez ou outra apostar no incerto, de ultrapassar a zona segura em volta de si, dos que preferem ficar embaixo da marquise a tomar sereno. A vida é mais segura assim, verdade, mas será que vale a pena manter os limites assim tão rígidos? Dá até uma pontinha de inveja de vez em quando - afinal, os ignorantes parecem mesmo ser mais felizes -, mas no fim das contas o meio-termo não é tão vantajoso quando a gente sabe que pode muito mais. Melhor mesmo é voar livre feito passarinho.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Pra dizer a verdade

"Então, vamos marcar alguma coisa?", ele disse. Respondi: "Olha, sabe que que é? Na verdade eu tô vendo que isso não vai dar certo, você já deve saber disso também, então a resposta é não. Vou ficar em casa fazendo a sobrancelha que é mais jogo". Mentira. Falei: "Claro, vamos sim. Que horas?".

Posso discutir com alguém, me magoar e chorar até desidratar as glândulas lacrimais, mas se encontrar com a pessoa por aí, vou segurar o sorriso no rosto e dizer: "Imagina, tô ótima!". E quantas vezes a gente não ouve alguém dizendo que não tá nem aí pra fulano, que quer mais é que o fulano vá pras cucuias, daí no instante seguinte lá está a pessoa toda resignada e cheia de amores? Quem nunca foi a algum lugar só porque os amigos insistiram e depois ficou com cara de bunda o resto da noite?

A gente curte dizer que faz e diz o que quer, que é transparente, mas a verdade é que às vezes a gente não segura o tranco de simplesmente ser sincero com o que sente. Acaba dizendo e fazendo exatamente o contrário do que quer, muitas vezes sem sequer perceber. Será medo? Orgulho? Autoproteção? Seria por  esperança de que o que a gente diz passe a ser o que se pensa? Ou, talvez, que a nossa intuição esteja errada dessa vez? Sejamos francos: franqueza é coisa pra heróis e heroínas.