sábado, 31 de janeiro de 2009

Buenos Aires é a nova Saquarema

Tem ocorrido um fenômeno interessante. Quase todas as pessoas que eu conheço foram recentemente à Argentina ou vão daqui a pouco. Eu, inclusive, faço parte do segundo grupo: me rendi à onda e vou passar uma semaninha por lá no Carnaval. Moeda barata + infra bacana pra receber turistas + albergues a preço de banana + passagens com valor ok + poder pagar as mesmas em até 6 vezes sem juros no cartão = um mundaréu de brasileiros desembarcando no Ezeiza.    
O meu primeiro plano para o Carnaval era subir e descer ladeiras em Olinda ao lado de bonecos gigantes, mas os preços das passagens pra Recife murcharam os meus sonhos docemente embalados pelo frevo. Ter conseguido um apê vazio pra ficar em Buenos Aires (na província, não na cidade, mas parece que é meia horinha pra chegar) também teve o peso de uma bigorna pra que eu decidisse pelo plano B, porque o meu orçamento é muito, mas muito curto mesmo.
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Pois bem, passagens compradas, oferta do apê devidamente confirmada, começaram os planejamentos do que fazer nos meus 7 dias lá. Comprei um guia cheio de mapinhas - como qualquer turista desprovido de senso de direção que se preze -, juntei com as dicas dos amigos e fiz um itinerário. Estão lá museus, parques, cafés antigos, construções históricas e feiras de rua. Só estou reticente sobre os tais cemitérios famosos, sem saber se isso lá é programa que se faça. Deixei as escolhas noturnas por conta de um amigo argentino, pra evitar de cair em furadas causadas pelo meu amadorismo na boemia daquelas bandas.
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Parece que, de uma hora pra outra, a Argentina se deslocou quilômetros acima, colou ao lado do Rio e se tornou destino hors-concours para fins de semana prolongados. Passar uns diazinhos por lá já não tem aquela solenidade toda que geralmente envolve viagens internacionais. É um caso extraordinário. Não lembro de ouvir ninguém fazendo cara de pensativo e dizendo "putz, nem sei pra onde eu viajo no feriadão...será que Montreal é uma boa?". Agora o negócio é caprichar no espanhol - ou portunhol - chiado e guardar um cantinho pro dicionário na mala.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Fujam!

O que é essa sensibilidade aguçada que nos domina vez ou outra, fazendo com que até um comercial da Suipa - se é que ainda passa - nos deixe em prantos? Ou uma vontade incontrolável de "dizer umas verdades" para aquela pessoa que se ia levando em banho-maria há meses? Isso sem falar num desejo ensandecido de devorar a maior quantidade de açúcar possível... Podendo aparecer junto com uma dor de cabeça ou cólica insuportáveis, esses costumam ser os sintomas da célebre TPM, ou Tensão Pré-Menstrual. 

Pobrezinha dela. Desde que o fênomeno - sim, porque ela pode se assemelhar a uma força da natureza - se popularizou que começou o abuso. A TPM virou desculpa para mulheres no mundo todo fazerem besteira ou manha e culparem seus ciclos menstruais. Ou mesmo uma saída fácil para os homens resolverem suas dúvidas sobre o comportamento feminino. "Pô, ela não falou comigo a semana toda só porque eu olhei pra bunda da prima dela...deve ser TPM". Para esses, a melhor resposta seria a camiseta que eu vi há uns tempos, em que havia escrita a singela frase: "Não é TPM. É você."

Já dizia o sábio: nesses momentos, só chocolate, paciência de jó e Atroveran expulsam os demônios das pessoas.

sábado, 17 de janeiro de 2009

"Vamos dar uma espiadinha?"

Começou essa semana mais uma edição do BBB, aquele programa que faz com que gente por tudo quanto é canto fique hipnotizado em frente à TV, todo santo dia, por quase um trimestre, acompanhando uma dinâmica eletrizante de banhos de piscina, romances artificiais, intrigas porque fulano nunca fez um arroz pra ajudar na casa, amizades de infância que surgiram faz 5 minutos e gente pagando peitinho "sem querer" na frente do espelho.

Os participantes não são bobos e não esquecem um segundo que estão sendo observados o tempo inteiro por espectadores que têm o poder de levá-los da pindaíba para uma vida com bem mais conforto material, sem falar nas entradas vip de festas cheias de subcelebridades. Além disso, as oito edições anteriores foram uma espécie de módulo de "edição de vídeo for dummies" e ensinaram bastante sobre o comportamento do público brasileiro. 150 pontos para a mocinha que diz ter passado fome na infância e -10 para o cara que foi pego articulando jogo duplo.

Não é novidade que o dia-a-dia dos brothers acaba se tornando uma novela, em que é claro o delineamento de quem é o mau-caráter, o pobre sofrido, o manipulador, o fofoqueiro, o vira-casaca, o gente boa, o casal fofo, entre outros estereótipos da cultura BBBística. O que é lindo de ver é como os participantes são ligados à família. É só aparecer na tela aquele grupinho segurando uma faixa gigante e usando camisetas com a foto do indivíduo para que este comece a chorar copiosamente ajoelhado em frente à TV gritando "mããããe, paaaai, eu amo muito vocês" (intercala com soluços emocionados). Realmente tocante.

Esse ano, para completar a bizarrice da coisa, quatro pessoas que tentam uma vaga na casa estão num aquário no Via Parque, tentando convencer o público com beijos ao vento e corações desenhados no ar (conforme escutei de uma amiga que esteve por lá), afinal, é uma chance rara de ganhar um milhão de reais por fazer... o que mesmo? Ah, sim, e de alcançarem o estrelato pelos mesmos motivos.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Atrapalhamento - Lição prática número 1

1 - Entre no ônibus segurando mochila num ombro só, carteira numa mão e guarda chuva na outra;

2 - Já que você gastou sua nota de R$2,00 comprando algo totalmente adiável - como amendoim japonês, drops de hortelã ou chocolate - , entregue ao trocador uma nota de R$5,00 ou mais.  Melhor ainda se o ônibus for daqueles que têm motoristas polivalentes;

3 - Aguarde o troco enquanto o ônibus entra em movimento pela rua esburacada em frente;

4 - Tente passar a roleta enquanto guarda o troco na carteira e equilibra os outros pertences; 

5 - Já depois da roleta do ônibus sacolejante, manobre em volta do passageiro cheio de sacolas que insiste em ficar no assento do corredor. Graças à má vontade do indivíduo, não sinta culpa quando bater involuntariamente na cabeça dele o guarda chuva cuja cordinha balança no seu pulso;

6 - Alterne todos os passos anteriores com um sorriso sem graça e aquela cara de "ops, foi sem querer". 

domingo, 4 de janeiro de 2009

Amanhã às dez da noite

Quem já perdeu uns cinco minutos da vida lendo o blog sabe que eu sou chegada a uma música de fossa. Vide post abaixo. Adoro aqueles cantores que se despedaçam no palco, que sempre parecem vulneráveis e intensos, que não se restringem aos movimentos ensaiados e que conseguem deixar o público hipnotizado apenas por estarem presentes, sem precisar de pirotecnia,  sei lá quantas participações especiais ou uma dúzia de bailarinos pra segurar um show. Aqueles que cantam como único jeito de não sufocar. Ou que, pelo menos, fazem parecer que sim (ganha uma bala 7 Belo quem provar que aquelas lágrimas do Jacques Brel cantando "Ne me Quitte Pas" no vídeo que tem no You Tube não são colírio ou cristal japonês).

Também escuto música sobre feijoada, barquinho e pôr-do-sol, mas tem hora em que a gente quer mais é que essa alegria de viver toda se foda. Por isso, quase tive um AVC quando soube da minissérie sobre a Maysa, que começa amanhã na Globo. Perdi o ar com a versão de "Hymne à L'amour" (da Edith Piaf), que aparece num trechinho de uma das chamadas.

Provavelmente vai ser um festival de clichês - difícil fugir deles na grande mídia - , mas ainda assim é uma chance de conhecer mais sobre a cantora e ouvir algumas das músicas que ela interpretava (me parece que as gravações são as originais), sempre com aquela expressão de quem está à beira de jogar um dry martini na cara de alguém. Tô contando os segundos.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Viva a euforia do réveillon

Essa semana de réveillon está totalmente atípica na vida noturna do Rio. Os pontos de diversão da cidade que, de domingo a quinta-feira, costumam ficar quase às moscas - salvo a presença de alguns poucos representantes da resistência - foram tomados por um clima festeiro que mais parece o de um carnaval fora de época (por mais assustadoras que sejam as lembranças evocadas pela expressão).
Na terça-feira, por exemplo, a praia estava lotada. Fui dar uma caminhada na beira do mar e quase não encontro os amigos na volta. À noite, não consegui entrar no botequim por causa da lista de espera na porta. Hoje passei pela Lapa e estava aquele furdunço animado típico de sexta-feira. Será culpa apenas da invasão gringa do período?
Espero que não e que esse desapego à preguiça se estenda ainda por um bom tempo, contagiando massivamente os locais. Que nunca mais um carioca troque um choppinho no bar da esquina pelo último capítulo da novela (sobe o som de violinos)!

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Feliz Ano Novo de novo

2008 foi um ano esquisito. Enquanto todo mundo dizia, nos últimos dias de dezembro, que ele havia passado voando, eu pensava que definitivamente não tinha sido desse jeito pra mim. 2008 não passou voando coisa nenhuma. Muitas coisas aconteceram e eu fico tonta só de tentar lembrar de todas. Sinto saudades de algumas, mas fico aliviada por outras já terem passado. A trilha perfeita seria:

Foram muitos começos, fins, amigos conquistados, amigos que foram pra longe, desabafos, mal-entendidos, altos estratosféricos e baixos pré-salinos, muitas gargalhadas de perder o ar e muitos choros doídos. Meus primeiros porres e minhas primeiras ressacas. Algumas conquistas e decepções. Muitas noites que podiam durar pra sempre e dias que eu queria apressar no ►► do controle remoto. Algumas paixões e dores de cotovelo homéricas.

Não aprendi a hora certa de falar ou de ficar calada. Nem a economizar, fazer arroz ou tocar violão. Por outro lado, vi como vale a pena não tentar ter o controle de tudo o tempo inteiro. Que nem tudo pode ser programado. Que, algumas vezes, as coisas simplesmente acontecem, alheias a nossa vontade. E também que não existe nada igual à sensação de dançar, cantar a música junto bem alto e não pensar em mais nada, porque a cabeça da gente às vezes precisa de uma folga.

Fiz poucos planos para 2009, considerando as mudanças que vão surgir e o acaso. Espero dias mais tranquilos dessa vez, mas o destino parece gostar de ser irônico comigo e virar minhas expectativas de ponta-cabeça só por diversão. O que eu descobri foi que, vez ou outra, isso pode ser bom também.