sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Dois pra lá, dois pra cá

Os filmes de dança deveriam ocupar sua própria sessão na locadora, em vez de ficarem injustamente ao lado dos musicais. Como se as produções com e sobre dança fossem iguais a um "My Fair Lady" ou a um dvd da Ivete Sangalo. Não, senhor.

Os exemplares dessa espécie têm algumas características facilmente observáveis e que os torna um gênero à parte, como a superação dos conflitos pela dança, o corpo como instrumento de catarse, a dança quase como ritual de acasalamento e, principalmente, a capacidade de levar o público a acompanhar o filme com as mãos e/ou os pés no ritmo da música.

Mesmo quem dá nó nas pernas quando dança sabe o quanto é bom escutar uma música contagiante e se deixar levar, por isso esses filmes costumam ter tanto apelo junto ao público. Lembrei de alguns representantes desse grupo especial do cinema e os mesmos seguem abaixo para o deleite tanto de desajeitados quanto de pés-de-valsa. 

* "Os Embalos de Sábado à Noite" (1977) - Clássico absoluto com John Travolta no papel de Tony Manero (adoro o nome). Durante a semana, Manero é um anônimo vendedor de uma loja de tintas, mas nas noites de sábado ele é o rei da discoteca. Pausa para conter o riso involuntário com o termo. Continuando... o filme não é um ícone à toa. O figurino (dá-lhe calça boca-de-sino), as coreografias, a trilha dos Bee Gees e até o jeito de andar de Manero marcaram época.

 

* "Flashdance" (1983) - Deus abençoe o fim dos anos 80. Com esse filme fica claro porque condicionadores leave-in, calça baixa e o declínio do permanente revolucionaram a vida feminina. Aqui, Jennifer Beals é a operária de uma metalúrgica que faz bicos dançando num inferninho e sonha em ser bailarina profissional. "Flashdance" é tão conhecido que aparece em "Shrek 2", no clipe de "I'm Glad" (de J.Lo) e em muitas outras referências da cultura pop.

* "Dirty Dancing - Ritmo Quente" (1987) - Pra quem acha que o único blockbuster de Patrick Swayze foi "Ghost",  taí mais uma amostra do quanto o cara se deu bem fazendo um galã canastrão. Aqui, ele é Johnny, professor de dança de um hotel em que Baby, uma adolescente riquinha, vai passar férias com a família nos anos 60. Uma noite, ela entra escondida no alojamento dos empregados e descobre que eles adoram fazer festas com danças super sensuais. Ela decide, então, ter aulas com Johnny e participar de um concurso de dança. Detalhe para "I've Had the Time of my Life", que ganhou o Oscar de Melhor Canção Original. O filme rendeu uma continuação em 2004, com o sem sal do Diego Luna fazendo um cubano cheio dos requebrados.

* "Vem Dançar Comigo" (1992) - O cult-brega une alguns dos maiores clichês do cinema: um jovem que sonha alto, uma baranga que se torna uma mulher deslumbrante ao longo do filme, um hit grudento - no caso, "Love Is In The Air" - e vilões maquiavélicos. O mais bacana do filme é que ele assume a sua cafonice nos figurinos, na maquiagem, nos cabelos e principalmente nas interpretações exageradas. 

* "Footloose - Ritmo Louco" (1994) - Dá pra imaginar uma cidade do interior em que é proibido ouvir música pagã e dançar? Graças a um trauma pessoal do pastor da paróquia local, é isso mesmo que acontece no filme. E quem chega pra salvar a população dessa crueldade? Sobe tema de "2001: Uma Odisséia no Espaço", porque lá vem o rebelde...Kevin Bacon! 

* "Billy Elliot" (2000) - Durante as greves de mineiros numa pequena cidade da Inglaterra, o menino que dá título ao filme treina boxe ao lado de um estúdio de balé. Em pouco tempo, ele se encanta com a dança e começa a ter aulas escondido. Tá na cara que vai ser difícil para que ele mesmo e principalmente para que seu pai casca-grossa aceitem seu interesse inusitado. 

* "No Balanço do Amor" (2001) - Depois de perder a mãe num trágico acidente e se mudar para uma nova cidade com o pai, a personagem de Julia Stiles conhece um rapaz negro que a ajuda a se integrar ao novo ambiente e expande seus horizontes ao apresentá-la ao hip hop. O casal precisa, então, encarar uma penca de preconceitos e fazer com que ela supere o trauma recente. 

* "Dança Comigo" (2004) - Richard Gere é como o vinho (inevitável a metáfora de quinta mão). Além de todo o charme do ator, o filme ainda conta com a sempre irretocável Susan Sarandon como uma mulher de meia-idade que vê seu casamento esfriando, além da caliente Jennifer Lopez como a professora de dança de um grupo engraçadíssimo. Boa parte do charme da produção está nos coadjuvantes, como o advogado que criou um personagem latino para dançar sem virar piada no escritório e uma cabeleireira extravagante que se torna a rainha do estúdio à noite.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Resultado da primeira promo-luxo do blog

Com as mais sofisticadas e infalíveis técnicas de sorteio - vulgo retirada de papelzinho -, revelou-se hoje o ganhador de "Delírios Cotidianos", livro de Charles Bukowski em quadrinhos do alemão Matthias Schultheiss. 
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Eram quatro participantes (incluindo o Du, que se inscreveu verbalmente). Para atestar a isenção da escolha, minha digníssima avó retirou a ficha do ganhador.  

And the winner is (rufem os tambores)... Winnee Louise!

Nêga, depois combinamos a entrega do seu prêmio incrível e aproveitamos para tomar umas cervejas enquanto colocamos a conversa em dia

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Nostalgia televisiva

Nos idos da minha adolescência (lá pela era Mesozoica), eu via muito a MTV. Podia estar acontecendo o apocalipse lá fora que eu não perdia "Top 20 Brasil", "Piores Clipes do Mundo", "Beavis & Butt-head", "South Park" e as vinhetas de "Garoto Enxaqueca" por nada. Apesar desses me trazerem doces lembranças, o programa de que eu mais sinto falta é um desenho animado chamado "Daria". A personagem-título começou aparecendo em alguns episódios de "Beavis & Butt-head" e, um tempo depois, acabou ganhando um seriado só pra ela. Quando tocava o trechinho de "You're Standing on My Neck" na abertura, era certeza de rir pra cacete com o sarcasmo da moça.

Sempre usando coturno e óculos fundo-de-garrafa, Daria Morgendorffer era a ironia em pessoa. A cada episódio curtinho, a menina soltava uma meia dúzia de comentários ácidos sobre a hierarquia social da escola - com aquela típica divisão entre populares e losers que a gente vê nos filmes americanos -, a superficialidade dos colegas, os costumes familiares, a cultura pop (logo no canal mais pop do mundo) e os dilemas da adolescência.

O componente bizarro da minha nostalgia é que parece que só eu assistia ao programa. Já perguntei pra um monte de gente sobre o seriado e nada de achar alguém que conheça. Uma tristeza, nem dá pra perguntar "cara, cê lembra daquele episódio?" porque ninguém sabe do que se trata. Não é como com os clássicos da Sessão da Tarde, do Cinema em Casa ou dos episódios do Chapolin, que sempre tem alguém com quem dividir. Outro dia, por exemplo, joguei na roda  "Enchente - Quem Salvará Nossos Filhos?" e encontrei um companheiro igualmente saudoso do filme que tanto entreteve minhas tardes ociosas. Deve ter sido pela baixa audiência que a MTV exibiu "Daria" tão pouco tempo por aqui, depois de me viciar na bendita, à la SBT. Perversos!

Pra matar um pouco da saudade... 

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Classificados

Ele está escondido no fundo do armário, do lado direito, atrás dos casacos. Dentro de uma sacola amarela de livraria. Ainda embalado com papel de presente dourado e etiqueta com o nome do então aniversariante (o cartão eu já joguei fora). Quanto ao livro dentro da sacola, eu simplesmente não sei o que fazer.

A ideia - ai, que tentação de colocar um acento em cima desse "e" - mais lógica seria ficar com o dito-cujo mas, mesmo depois desses meses todos, ele ainda traz ecos daquele misto de amargura e desesperança dos amores frustrados.

A sensação, agora, é bem mais branda, mas continua lá. Simplesmente entregar pra algum amigo algo que escolhi pensando em outra pessoa me parece cínico, não sem contar a trajetória dele, mas daí vem aquela sensação de novo e dá preguiça. Chegou a temporada anual de me livrar daquilo que não me serve mais, então...

...Bukowsky em quadrinhos, quem quer?