domingo, 31 de maio de 2009

Subindo nas tamancas

Alguns amigos dizem que eu sou uma moça fina e elegante. Vai entender, né, mas eles dizem. De fato, não sou de falar alto, prefiro ser civilizada a baixar o nível, costumo prezar pela boa educação e só subo nas tamancas em casos extremos. Esses dias, pude experimentar uma dessas situações em que suspendi toda a minha finesse e me senti muito, mas muito satisfeita mesmo por causa disso.
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Sempre tento ser compreensiva e razoável para analisar as escolhas e ações alheias. A intenção é evitar ser injusta e fazer julgamentos precipitados. No entanto, existem três coisas que não têm perdão pra mim: desonestidade, falta de consideração e falta de ética. São posturas que têm o poder de me tirar do sério e realmente me magoar na alma. Eu quero e mereço muito mais.
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Pois bem, o que aconteceu envolveu as três moléstias acima mencionadas. O carinho, a admiração e o respeito que eu nutria pela pessoa, puft, desapareceram em segundos. Não costumo ser radical nas minhas decisões, mas ficou imediatamente claro que não fazia mais sentido mantê-la na minha vida. Então comuniquei o ser humano degredado e fui apagando os sinais de que ele já havia feito parte dela. Tchau e benção pra telefone, e-mail, MSN, Orkut. De repende, a tristeza, a raiva, a mágoa, tudo passou. Restou só a indiferença.
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E olha que perder o meu carinho já é difícil, mas me fazer querer apagar alguém, sem chances de reconciliações futuras, é um feito notável. Pensando bem, não lembro de já ter feito isso antes (fico culpada até de bloquear gente mala no MSN). Pensando melhor ainda, acho que poucas vezes senti tanta certeza sobre algo. 

quinta-feira, 28 de maio de 2009

E tenho dito

Eu e as minhas manias. Mania de me apaixonar, de entrega, de dizer em vez de calar, de perder o medo. Hoje eu me perguntei por que só sei gostar errado. Pensei mais um pouco e, logo em seguida, cheguei à conclusão de que não gosto errado, gosto do único jeito que faz sentido pra mim: com um desejo desvairado de ser feliz ao lado de um certo alguém. 

Se esconder dessa chance pequena - mas não inexistente - quando se sente o bastante pra pelo menos tentar é medo ou pobreza de espírito. Tentar é se expor ao desconhecido, mas ficar em cima do muro é se apegar às certezas do que se tem agora (e será que a troca vale mesmo a pena?).

Se as coisas vão bem e continuam bem depois de algum tempo e as duas pessoas se curtem, não vejo razão pra não arriscar ficar junto. Sem pressões, rótulos, cobranças, imposições ou obrigações, com as únicas ressalvas da sinceridade e fidelidade. Apenas poder serenar ao lado de alguém, se deixar envolver e querer bem. 

Cansei de ficar me estapeando contra isso: sou romântica, por mais cafona e careta que possa ser. Me apaixono à primeira vista, passo noite em claro, choro ouvindo música e vendo filme, amo sem vergonha, juízo nem medo de outra desilusão. Eu, Cazuza e Vinícius de Moraes somos, ó, farinha do mesmo saco. Isso às vezes me magoa e me faz querer ser diferente mais do que tudo, mas essa sou eu e tenho dito. Quem me quiser, que esteja ciente e me queira ainda mais por causa disso. 

Sabe-se lá por que, lembrei da minha primeira ressaca, cheia de dores de cabeça e enjoos. Perguntei pra alguém se seria sempre daquele jeito ou se depois de um tempo eu iria beber sem precisar passar por aquilo tudo de novo. A pessoa me disse que sim, eu continuaria a ter ressacas, e que seriam todas daquele jeito, eu só aprenderia a conviver com as ditas-cujas. Cheguei à conclusão de que o mesmo vale pras dores de cotovelo. Pena que não existe Engov pra elas.

domingo, 24 de maio de 2009

Um suspiro de alívio em meio ao caos

Frequentemente (miss you, trema), eu tenho uma vontade doida de sair do Rio. É o tempo todo aquele estado de alerta, o medo de ser assaltada, de levar um boa noite Cinderela na noite, do homem que tá me encarando no ônibus, de apanhar quando saio da faculdade em dia de jogo no Maracanã, entre outras insanidades que nem deveriam passar pela cabeça de uma cidadã em situações normais. Cansa.
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Por outro lado, tem havido algo que alivia o meu mau humor - e olha que eu viro o incrível Hulk quando me emputeço - e amansa a minha ira: o pipocar de programas culturais gratuitos ou que custam quase nada pela cidade. São exposições, shows, peças de teatro, cursos, debates, eventos de cinema e mais um monte de coisa legal. Pra descobrir o que está rolando, nem é um bicho de sete cabeças: basta ficar ligado nos sites de jornais, revistas e centros culturais. Muito felizmente, também é cada vez mais comum a prática de criar listas-amigas de descontos pras casas noturnas e ingressos camaradas em algumas casas de espetáculos.
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Ainda tem muita coisa absurda rolando por aí, peças, baladas e shows mais caros que rim no mercado negro, mas só o fato de haver rotas de fuga aos abusos já é um alívio. Tá certo que produtores, proprietários de espaços e artistas precisam colocar comida na mesa, mas vamos segurar a ganância e pensar que nem todo mundo pode bancar patê de foie gras, né, minha gente? Não é melhor receber um público mais numeroso e variado que virar um quadro lindo e valioso de coleção particular, acessível só pros poucos integrantes do clubinho?
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Hoje fiquei sabendo que em junho teremos a nossa virada cultural, seguindo o exemplo de São Paulo. Prevista para rolar dos dias 5 a 7 e se estender pelos quatro cantos da cidade, o evento promete trazer atrações pra todos os gostos. Só espero que a organização seja cuidadosa o bastante pra evitar muvucas e outros poréns geralmente vistos nos eventos de grande porte. Reza a lenda que Marina Lima, Moska e Alceu Valença vão estar lá, então já fiquei com palpitações torcendo pra ser verdade. \o/
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Seguem abaixo alguns sites que eu costumo visitar nas minhas rondas virtuais (dicas adicionais serão muitíssimo bem vindas):
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* CCBB
* MAM

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Om

Outro dia, escrevi aqui sobre a sina de ser passional que, de certa forma, é como um vício: difícil de controlar, dá onda mas, no dia seguinte, faz bater uma tristeza profunda porque raramente a onda compensa os efeitos colaterais. Ao mesmo tempo que sinto que já amadureci em outros aspectos, nesse eu vejo claramente que ainda estou longe de chegar lá.
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Quando eu vejo, já falei, já fiz, já era. E não digo isso como que falando de uma causa perdida, não. Tenho tentado equilibrar emoção e razão, mas vez por outra a balança tende mais para um lado que para o outro e esse bloqueio momentâneo do raciocínio só prejudica a mim mesma no fim das contas.
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E o pior é que tenho a mania de tentar antecipar situações futuras de acordo com a maneira como as coisas vão agora, o que é uma óbvia estupidez. Em vez de ter calma pra acompanhar os acontecimentos no seu ritmo, sofro por antecedência e decido por uma projeção criada por mim, que não necessariamente corresponde ao que virá. Aí, fodeu. Se é auto-proteção ou auto-sabotagem, eu ainda não sei. (atualização em 21/05)
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Mesmo que algumas vezes a impulsividade seja um jeito de dar um passo a mais quando o medo ou a timidez me paralisam, na maior parte do tempo, ela é só falta de juízo. Cinco minutos de reflexão já seriam o bastante pra chegar a uma conclusão sensata, levando em conta muito mais que o desejo imediato. Como diria a minha avó, vontade é uma coisa que dá e passa. Se não passar, aí já é outra coisa.
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E, sim, isso é um mea culpa.
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domingo, 17 de maio de 2009

Tô com o Eddie e não abro

Pearl Jam - You've got to hide your love away (Lennon/McCartney)

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Alguém amarre meu pé na mesa

Sabe aquela pessoa que curte um devaneio? Então, sou eu. Pode ser no ônibus, no hall da faculdade enquanto a aula não começa, no restaurante do estágio, na cama olhando pro teto, enfim, em qualquer lugar e ocasião que me permita, eu pratico o hábito de pensar em nada e em tudo. De "hum, será que ainda tem torta na geladeira?" até "essa onda de consciência ambiental é só moda?".

Nesses últimos tempos, o tema principal das minhas viagens é o futuro. Com o fim da faculdade chegando, estágio em andamento e coração indeciso, começo a pensar em trocentas ideias. Lembra do "Você Decide?". Pois passam pela minha cabeça trailers de possíveis finais para as situações que eu ando vivendo, mas sem a tranquilizadora opção de receber a melhor escolha de bandeja.

Pensando agora, até seria bem legal ter uma linha de 0800 para os dilemas mais brabos: "Se você acha melhor pós lato sensu, tecle 1. Para stricto sensu, tecle 2". "Manter o foco da carreira por aqui, tecle 1. Girar o globo terrestre e pôr a mochila nas costas, 2". "Investir no carinha e colocar o meu coração de vidro na reta, tecle 1. Continuar curtindo os prazeres da solteirice sem mais preocupações, 2". Depois, seria só conferir a mais votada e pronto, seguir em frente sem medo. Se bem que, apesar de ser a saída mais fácil, ter suas próprias escolhas feitas por terceiros tem um quê de frustrante.

Mesmo com as noites maldormidas, as dores de estômago e as rugas na testa, ponderar sobre a melhor opção e decidir pela mais adequada me parece um passo importante do processo. Assim como, depois de fazer a escolha, confiar no próprio taco e não ficar se torturando pra tentar descobrir como seria se a decisão fosse outra. Pensar bastante, tentar a sorte e pular de cabeça, simplesmente.

domingo, 10 de maio de 2009

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Abstinência de noite

Devido ao atual jejum de saídas pra dançar à noite, percebi que estou começando a ficar nostálgica. Saudades até mesmo da alegria de quando o bartender finalmente vê a sua comanda sacudindo no ar ou de ouvir o som da porta do banheiro destrancando quando se está à beira da tragédia. De escutar a introdução de uma música que você adora e das conversas divertidíssimas que surgem das maneiras mais inusitadas e com as pessoas mais improváveis.

Ou da troca de olhares com aquele cara incrível que apareceu de repente e que com certeza é muito mais interessante ali, à meia luz, com música e depois de umas cervejas do que ele seria em qualquer outro lugar. Mas o meu momento preferido da noite é, sem sombra de dúvidas, aquele em que a gente está se divertindo tanto, a música tá tão boa e todo mundo tão animado que se esquece do calor, do suor, do dedinho que a biscate ao lado pisou com o salto agulha, enfim, do mundo. Abaixo seguem alguns sons que me deixam nesse estado de desprendimento:

The Ting Tings - Great DJ

O refrão-chiclete e facinho de acompanhar conquista a gente de cara (e lá se vai uma semana pra parar de cantarolar).

Vive la Fête - Noir Désir

A combinação de rock e eletrônica da dupla belga, misturada à voz rouca de Els Pynoo cantando em francês, resulta numa sonoridade sexy e inovadora, mesmo com os berros do final.

She Wants Revenge - Tear You Apart

Adoro a voz do vocalista (que lembra bastante a do Ian Curtis, falecido líder do Joy Division) e a letra que tem tudo a ver com as paixões fugazes que surgem e terminam em menos de uma noite. Isso e mais o refrão tóxico:

"I want to hold you close
Skin pressed against me tight
Lie still, and close your eyes girl
So lovely, it feels so right

I want to hold you close
Soft breasts, beating heart
As I whisper in your ear
'I want to fucking tear you apart' "

Billy Idol - Dancing With Myself

Ele se achava o cara mais gostoso do universo, forçava a barra pra deixar a voz parecida com a do Elvis e usava esse cabelo escroto (além de provavelmente ter algum grau de parentesco com o Supla), mas convenhamos que Mr. Idol continua irresistível...

New Order - Blue Monday

Classicão inconfundivelmente 80's.

The Strokes - You Only Live Once

Strokes são a cara da noite.

Blondie - Heart of Glass

Outro dia eu estava escutando e a minha mãe veio me dizer que essa era brega, vê se pode? Nem ligo, continuo querendo ser a Debbie Harry quando eu crescer.

The Pretenders - Middle of the Road

Posso ser a Chrissie Hynde também?

Ai... uma baladinha pelamordedeus!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

"Filha única de mãe solteira" e outras expressões condenadas pela Defesa Civil

A expressão daí de cima me atormentou por anos na infância, mas hoje em dia eu uso numa boa. Ela serve pra indicar que se está fazendo referência a algo único e que, se for perdido, não haverá outro para pôr no lugar. Deve vir de um tempo em que ser mãe solteira era a máxima desgraça na vida de uma mulher que, traumatizada, tomaria tenência e nunca mais repetiria o feito de procriar sem ser com seu marido de papel passado. 

Agora vamos à razão do meu trauma: durante muitos e muitos anos, eu fui filha única de mãe solteira. O padre da paróquia perto lá de casa nem queria me batizar (sim, é sério). A lógica provavelmente era de que todos somos frutos do pecado - o maravilhoso, diga-se de passagem, pecado original -, mas ter um filho fora dos laços sagrados do matrimônio era certeza de ter comprado uma passagem só de ida pra morada do capeta e ser apontada na rua como biscate.

O castigo que eu devia pagar aliás, era correr o risco de ir parar no limbo caso eu cantasse pra subir ainda bebê. Minha salvação (até aquele momento) foi garantida por uma amiga da minha avó, que tinha um conchavo com o padre da outra paróquia. Depois daqueles longínquos 1985, muitas águas rolaram, a Igreja aboliu o limbo, meu irmão nasceu e a mulherada liberou a pomba, desencanando da ideia de que mulher tem que casar pra ser feliz e respeitada.

Assim como a supramencionada, existem muitas e muitas expressões que e a gente usa sem nem pensar se o sentido original ainda se aplica no contexto atual. "Matar dois coelhos com uma cajadada só", por exemplo. Em primeiro lugar, quem aí já viu um coelho solto e saltitante pelo campo (fazendinha da escola não vale)? Em segundo, entre todas as bugingangas que a gente costuma entulhar em casa, é muito pouco provável que haja um cajado. Em terceiro: em tempos de ecoconsciência feroz, quem vai cometer a barbaridade de assassinar um coelho (hello, Glenn Close em "Atração Fatal"), quanto mais dois, ainda mais à base de porrada?  

Uma amiga me lembrou de quando a gente diz que "caiu a ficha" para os momentos de epifania, que deve ter sido herdada dos tempos em que se usava ficha pra telefonar. Ou quando alguém está enchendo a nossa paciência e mandamos o chato "virar o disco", relembrando os tempos de vinil, vitrolas e agulhas. Tem gente que, quando quer fechar a conta do bar, pede pro garçom "passar a régua". Segundo a grande sábia Jaque, essa vem do tempo em que se cobrava a cerveja medindo a quantidade de líquido na garrafa.

Apesar de seus sentidos defasados, expressões como essas ganharam vida independente e não há quem não saiba exatamente o que cada uma quer dizer. Será que a gente precisa sempre atualizar a linguagem, pra que ela se adapte aos costumes contemporâneos? Ou a língua se modifica de  maneira aleatória, como que por vontade própria?

Acredito que expressões nascem e morrem espontaneamente, de acordo com o uso ou desuso. Pagando de CDF, lembra das aulas de genética na escola? Quando diziam que as mutações não são uma resposta às demandas do ambiente, mas que podem permanecer caso favoreçam a sobrevivência nele? Acho que é por aí. Mas até que ia ser bom se, graças à fotografia digital, não desse mais pra "queimar o filme", nem o nosso nem o de ninguém. Ó que maravilha que seria a nossa vida. 

sábado, 2 de maio de 2009

Com um turbilhão no peito

Como dizem os religiosos, a palavra tem poder, e eu tenho perseverado nela. Auto-sugestão em doses cavalares. Fico dizendo pra mim mesma "Luanda, menos" e eu tento, juro que eu sou obediente a mim mesma e tento. Mas a verdade é que eu sou passional, o que me faz algumas vezes muito feliz e outras sofrer horrores. Se eu fico com alguém, ou não é nada de mais, passatempo, ou o mundo para de girar e eu me encanto com a pessoa. Sem meio-termo, sem ir levando pra ver no que dá, sem "tá ruim, mas tá bom". Se o cara não me tira o fôlego, estar com ele não faz o menor sentido.

Às vezes sou correspondida, às vezes não. Quando a pessoa não sentiu esse algo especial ou não tem coragem o bastante pra se arriscar - e eu falo sem recriminar, porque sei que o risco é grande e o preço é alto -, me recolho ao desamor. Entro no meu casulo de dor-de-cotovelo, quietinha no meu canto com as provisões necessárias de música triste, ombros amigos e sacarose, até que ela passe. Porque, do mesmo jeito que a paixão chega, ela vai embora em algum momento.

Não sou partidária daquela história de que só um novo amor cura outro. Se isso acontece - de aparecer um novo alguém e a gente se deixar envolver de novo -, é porque em alguma hora a gente já chegou à conclusão de que passou. Ou seja, só passa quando a gente já se desligou da pessoa e da frustração por aquilo não ter ido pelo rumo esperado, com a ajuda de um novo amor ou não. Sempre que vem uma desilusão, a dor nos marca com novas cicatrizes e traz uma certeza: nunca mais a gente quer sentir isso de novo. Só há um porém...

Ter um coração apenas morno e que bate o tempo inteiro no mesmo ritmo é mais confortável, mas a chance de amar e ser amada é boa demais pra ser preterida pela mediocridade. Se expor machuca, mas aquela ínfima possibilidade vale a pena. Por que não seguir o conselho recebido outro dia pela Moça do Fio e se deixar humanizar?

P.S. O post foi escrito sob influência de "Antes do Amanhecer" (aquele filme em que Julie Delpy e Ethan Hawke se conhecem numa viagem de trem e passam horas caminhando por Viena) + tarde ouvindo a discografia dos Beatles. Desculpem se ficou piegas.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Na sarjeta

Voltando pra casa de madrugada, vejo um cara alto, em pé e encostado numa árvore, com a cabeça baixa. Parece que está vomitando, algo muito provável àquela hora, mas quando passo por ele percebo que me enganei: o cidadão está chorando. Muito. De soluçar e estar com o rosto vermelho, daquele jeito que a gente se envergonha de ficar em público.

Eram 4 da madrugada, o único ser humano próximo dele era um velhinho que dormia  sentado na entrada da pastelaria. O choro do homem era tão desesperado que achei melhor parar pra saber se ele precisava de alguma coisa. Como ele estava usando fones de ouvido, tirei o direito e perguntei:

- "Cara, cê tá bem? Que que houve?"

E ele respondeu:

- "Minha namorada terminou comigo... (soluça) e não vai mais voltar (emenda com choro desconsolado)"

Não havia muito o que eu pudesse fazer. Convenci o indivíduo a voltar pra casa e continuar chorando na cama, que é lugar quente, como diria a minha avó. Ou melhor, acho que convenci, porque ele pode simplesmente ter ido em busca de outro lugar pra chorar em paz agarrado a outra árvore, sem nenhuma garota impertinente enchendo a paciência dele.

Ele tinha razão: não há dor maior que a de um coração partido.