sexta-feira, 1 de maio de 2009

Na sarjeta

Voltando pra casa de madrugada, vejo um cara alto, em pé e encostado numa árvore, com a cabeça baixa. Parece que está vomitando, algo muito provável àquela hora, mas quando passo por ele percebo que me enganei: o cidadão está chorando. Muito. De soluçar e estar com o rosto vermelho, daquele jeito que a gente se envergonha de ficar em público.

Eram 4 da madrugada, o único ser humano próximo dele era um velhinho que dormia  sentado na entrada da pastelaria. O choro do homem era tão desesperado que achei melhor parar pra saber se ele precisava de alguma coisa. Como ele estava usando fones de ouvido, tirei o direito e perguntei:

- "Cara, cê tá bem? Que que houve?"

E ele respondeu:

- "Minha namorada terminou comigo... (soluça) e não vai mais voltar (emenda com choro desconsolado)"

Não havia muito o que eu pudesse fazer. Convenci o indivíduo a voltar pra casa e continuar chorando na cama, que é lugar quente, como diria a minha avó. Ou melhor, acho que convenci, porque ele pode simplesmente ter ido em busca de outro lugar pra chorar em paz agarrado a outra árvore, sem nenhuma garota impertinente enchendo a paciência dele.

Ele tinha razão: não há dor maior que a de um coração partido.

3 comentários:

Mattheus Rocha disse...

As pessoas acham que a felicidade está no outro. A felicidade está dentro de cada um de nós.

Se acabou, fique feliz por ter acontecido. Pra que se lamentar por algo que acabou???

Amandla Awetú disse...

Ai ai...
Lembro-me de um outro rapaz que vc tb tentou consolar.
Saudade.

Felipe Melo disse...

Você poderia ter oferecido um ombro amigo, um carinho solidário, um cafuné de consolação... hehehehehehe