quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Pesadelo urbano

As ruas são as de São Paulo, mas poderiam ser as de qualquer metrópole. Estão desertas, silenciosas, dominadas pela sujeira e pelos cães vira-latas. As pessoas, desorientadas e animalescas, vagueiam em busca de comida, saqueando supermercados com algum estoque e passantes com um pouco mais de sorte. Todos foram, pouco a pouco, atingidos por uma epidemia de cegueira. Danou-se a idéia de civilização.

Os primeiros foram isolados em quarentena, sem que ninguém tivesse ainda aprendido como se virar naquela nova situação. A casa coletiva se tornou uma grande latrina e, não demorou muito, uma ditadura também. O "rei da ala 3" pedia jóias e dinheiro (pra quê mesmo?) e, quando esses se esgotaram, as mulheres das outras alas em troca de comida. Deu no que deu.

Ensaio sobre a cegueira é angustiante não só pela idéia em si, quando o público se imagina naquela situação e pensa "será que eu agiria assim também"? "Eu estaria mais para a Julianne ou para o Gael"? Pior ainda é considerar a metáfora.

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