segunda-feira, 22 de setembro de 2008

O tempo das coisas (for the times they are a-chaaangin')

Sei lá quantas vezes já disse e ouvi "não era o momento", "isso aconteceu na hora certa" ou "ainda não está na hora", muitas vezes confundindo conveniência e inflexibilidade. Como assim? É conveniente não comentar sobre a ex do seu amigo na presença da atual. É inflexível não mudar planos cuidadosamente criados por algo que tenha a possibilidade de ser melhor.

Lembrei de um caixote que levei na praia há uns anos. Estava lá eu, tão feliz quanto se pode estar nesse mar gelado do Rio (ai, que saudades do mar morninho da minha terra, por mais estranha que a frase tenha ficado), quando levantei de um mergulho e vi uma onda monstruosa se formando na minha frente. Fiquei pensando: "Jesusmariajosé, eu mergulho ou tento 'pular' a onda?". Por causa desses segundos em que hesitei, me ralei toda, engoli meio oceano Atlântico e fui parar lá na beira com o top do biquíni torto e o cabelo cheio de areia. Ainda acho que alguém vai me reconhecer na rua e se mijar de rir lembrando do episódio.

Taí o perigo de ser inflexível quando algo interessante aparece de repente: ficar paralisado pelo medo de fazer a escolha errada, acabar não fazendo nada e se arrepender depois. Nem sempre existe uma segunda chance e, às vezes, o jeito é se contentar com aquela máxima de nossas avós de que "o que não tem remédio, remediado está" que, convenhamos, é um prêmio de consolação muito do vagabundo.

Não existe receita, simpatia nem livro de auto-ajuda (eca) que seja universal e dite as regras do que e de quando fazer, dizer, desistir ou começar. Ou que indique o erro ou o acerto absoluto. Vez ou outra eu até quero que exista, mas sempre me rendo a mudar de idéia e concluir que a vida seria muito sem graça se houvesse um roteiro para ela. Bate 3 vezes na madeira.

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