terça-feira, 25 de novembro de 2008

Na expectativa do tender com farofa


O movimento de sacoleiras e donas-de-casa ávidas por compras já aumentou nas ruas do Saara, agora tomadas por lojas vendendo pisca-piscas, enfeites para pendurar em pinheiros artificiais, guirlandas e outros artigos típicos para dar o clima da época que vem chegando. Tem gente que se anima tanto para as festividades natalinas que compra até espuma para fazer as vezes de neve no quintal. Em pleno verão carioca.

Os pobres Papais Noéis (será que esse plural tá certo mesmo?), vestidos para enfrentar um frio glacial, já tomaram posse dos tronos destinados a eles nos shoppings cariocas. Ainda terminando suas casquinhas do Bob's para aliviar o calor, pobres crianças são levadas para serem fotografadas ao lado dos caras. Algumas ficam hipnotizadas e acham o máximo, outras parecem constrangidas e há ainda as que choram enlouquecidamente enquanto suas mães gritam "fica aí só mais um pouquinho pro papai tirar a foto, filho".

Assim seria mais divertido:

Uma vez, li que Papai Noel no Brasil deveria ser magricelo, usar camisa de time, bermuda e Havaianas. Não é pra tanto na minha opinião, mas aquela pompa toda do mito - roupas de inverno, chaminé, trenó puxado por renas - já é exagero. Num país em que grande parte da população é cristã (86% se declara católica ou evangélica, conforme estudo divulgado pelo Datafolha em 2007), o Natal se justifica.

Já a figura do Papai Noel acoplada à comemoração me parece meio deslocada na realidade brazuca, assim como na de diversos outros países que a adotaram. Mas, enfim, difícil falar em cultura sem levar em conta essa influência cruzada e difícil falar em Natal sem pensar no Papai Noel. Resultado: anos de nossas infâncias acordando ansiosos no dia 25 pra encontrar um presente que não havia sido deixado por nenhum velhinho vindo do Pólo Norte, mas comprado nas Lojas Americanas da esquina por nossos entes queridos. Que enganação.

A melhor parte do Natal, definitivamente, é a ceia. Dá uma certa culpa falar disso quando tem gente morrendo de inanição na África subsaariana ou até bem aqui mais perto, mas venhamos e convenhamos: vale a pena assistir a todos aqueles especiais sem graça na TV, participar de mais um previsível amigo-oculto e esperar até meia-noite pra exercitar o pecado da gula com ela. Daí em diante, o negócio é se esbaldar com os itens que geralmente só aparecem na mesa nessa data específica, como o chester, a rabanada, o panetone (e seu maravilhoso primo, o chocotone), as nozes e, o meu preferido, o tender. Barbudo nenhum dizendo ho ho ho supera essa alegria.

Um comentário:

Anônimo disse...

ai, a ra-ba-na-da! minha santa vózinha que me ouça!