quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Ócio nada criativo

Existe uma lenda urbana de que a grande mazela da vida contemporânea é a falta de tempo. Pois eu acho que esta pode ser, pelo contrário, a solução para o nosso caos diário. Nos últimos anos, funcionei na potência máxima quase que o tempo todo, correndo de casa pro trabalho, depois pra faculdade, fazendo cursos nos fins de semana, indo a eventos acadêmicos sempre que podia, me sentindo o Jack Bauer. Olhando rabugenta para os colegas da faculdade que eu considerava abençoados por poderem se dedicar só aos estudos e não aproveitavam a chance. Ah, se eu tivesse aquele tempo todo sobrando...

Até que me vi sem ter absolutamente nada pra fazer, nadica de nada, por 2 meses. Primeiro, fiz uma programação incrível: eu iria ler todos aqueles livros pendentes, revisar as lições de Espanhol e Francês e fazer vários programas culturais. Lindo no papel, mas a realidade era, na maior parte do tempo, eu acordando às 11 da manhã para passar o dia deitada no sofá comendo doce-de-leite de colher enquanto assistia a reprises de seriados na TV. O PC ficava ligado o dia quase todo por nada (mas, mesmo assim, me hipnotizando por horas quando eu parava em frente a ele) e eu padecia de uma brutal ansiedade pra que algo agitasse a vida de novo.

Daí - tadá - foi só começar num estágio pra que a plena administração do meu tempo livre magicamente começasse a se concretizar. As revistas que eu assino já passaram a ser lidas antes da chegada das edições seguintes, por exemplo, o que é um pequeno grande avanço. É como se o comprometimento de parte do meu dia fosse um estímulo pra organizar as horas restantes da melhor forma possível, o que não me dava a menor animação de fazer quando estas significavam o dia inteiro. O ócio simplesmente não funciona pra mim como fator produtivo.

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