domingo, 23 de novembro de 2008

Seu Neyla

Zapeando (o que eu faço obsessiva e irritantemente quando paro em frente à TV), peguei o restinho de um programa da Globonews. O entrevistado era Ney Latorraca, por quem eu sempre nutri uma mistura de admiração e antipatia, pelas boas atuações e declarações instigantes acompanhadas de um ar pretensioso (um lance meio Jack Nicholson). Hoje, no entanto, fui pega de surpresa por sua sinceridade, inteligência e seu senso crítico extremos e inesperados. 

Ney falou sobre o destino dos seus bens (que vai doar para entidades beneficentes por considerar o fim mais digno e não pra pagar de humilde), os fracassos de público (como quando assistiu, num cinema vazio, a um dos filmes em que atuou), a sua grande vaidade e o gosto em ser o centro das atenções. Levou ao estúdio santinhos com a sua foto, que diz ter mandado imprimir para autografar e entregar aos fãs, mas que ninguém quer pegar (diz ele que é mais fácil quando oferece a crianças e pessoas de idade). Irozinou os sinais da própria idade, mostrando um truque para esconder o papo nas fotos.

Quando perguntado qual foi a sua maior decepção com uma estrela - depois de contar as tietagens com Sophia Loren e Shirley MacLaine -, disse que havia sido consigo mesmo, quando percebeu que tinha ficado deslumbrado com a própria imagem, numa resposta obviamente dúbia. O jornalista perguntou quando tinha sido a última vez em que ele havia gritado com alguém e Ney respondeu prontamente que tinha sido na manhã daquele dia, com o motorista que se atrasou para buscá-lo.

Mas o ponto que eu achei mais interessante e que provavelmente vai render um próximo post foi quando ele comentou uma declaração anterior, de que os brasileiros se tornaram arrogantes e mal-educados, principalmente ao lidarem com pessoas que estão prestando algum tipo de serviço ou fazendo trabalho de apoio, como porteiros, garçons, técnicos de luz e comissárias de bordo. Disse que as pessoas esqueceram de expressões como "por favor" e também de que a escravidão já terminou faz tempo. E que é necessário haver um resgate da gentileza.

Um comentário:

Felipe Melo disse...

Essa comparação com o Jack Nicholson foi perfeita! hehehe

É lastimável que a gentileza esteja em falta... Mas uma coisa curiosa é que até mesmo os porteiros, garçons, etc estão com esses sintomas. Acho que isso é contagioso... [medo]