Os filmes de dança deveriam ocupar sua própria sessão na locadora, em vez de ficarem injustamente ao lado dos musicais. Como se as produções com e sobre dança fossem iguais a um "My Fair Lady" ou a um dvd da Ivete Sangalo. Não, senhor.
Os exemplares dessa espécie têm algumas características facilmente observáveis e que os torna um gênero à parte, como a superação dos conflitos pela dança, o corpo como instrumento de catarse, a dança quase como ritual de acasalamento e, principalmente, a capacidade de levar o público a acompanhar o filme com as mãos e/ou os pés no ritmo da música.
Mesmo quem dá nó nas pernas quando dança sabe o quanto é bom escutar uma música contagiante e se deixar levar, por isso esses filmes costumam ter tanto apelo junto ao público. Lembrei de alguns representantes desse grupo especial do cinema e os mesmos seguem abaixo para o deleite tanto de desajeitados quanto de pés-de-valsa.
* "Os Embalos de Sábado à Noite" (1977) - Clássico absoluto com John Travolta no papel de Tony Manero (adoro o nome). Durante a semana, Manero é um anônimo vendedor de uma loja de tintas, mas nas noites de sábado ele é o rei da discoteca. Pausa para conter o riso involuntário com o termo. Continuando... o filme não é um ícone à toa. O figurino (dá-lhe calça boca-de-sino), as coreografias, a trilha dos Bee Gees e até o jeito de andar de Manero marcaram época.
* "Flashdance" (1983) - Deus abençoe o fim dos anos 80. Com esse filme fica claro porque condicionadores leave-in, calça baixa e o declínio do permanente revolucionaram a vida feminina. Aqui, Jennifer Beals é a operária de uma metalúrgica que faz bicos dançando num inferninho e sonha em ser bailarina profissional. "Flashdance" é tão conhecido que aparece em "Shrek 2", no clipe de "I'm Glad" (de J.Lo) e em muitas outras referências da cultura pop.
* "Dirty Dancing - Ritmo Quente" (1987) - Pra quem acha que o único blockbuster de Patrick Swayze foi "Ghost", taí mais uma amostra do quanto o cara se deu bem fazendo um galã canastrão. Aqui, ele é Johnny, professor de dança de um hotel em que Baby, uma adolescente riquinha, vai passar férias com a família nos anos 60. Uma noite, ela entra escondida no alojamento dos empregados e descobre que eles adoram fazer festas com danças super sensuais. Ela decide, então, ter aulas com Johnny e participar de um concurso de dança. Detalhe para "I've Had the Time of my Life", que ganhou o Oscar de Melhor Canção Original. O filme rendeu uma continuação em 2004, com o sem sal do Diego Luna fazendo um cubano cheio dos requebrados.
* "Vem Dançar Comigo" (1992) - O cult-brega une alguns dos maiores clichês do cinema: um jovem que sonha alto, uma baranga que se torna uma mulher deslumbrante ao longo do filme, um hit grudento - no caso, "Love Is In The Air" - e vilões maquiavélicos. O mais bacana do filme é que ele assume a sua cafonice nos figurinos, na maquiagem, nos cabelos e principalmente nas interpretações exageradas.
* "Footloose - Ritmo Louco" (1994) - Dá pra imaginar uma cidade do interior em que é proibido ouvir música pagã e dançar? Graças a um trauma pessoal do pastor da paróquia local, é isso mesmo que acontece no filme. E quem chega pra salvar a população dessa crueldade? Sobe tema de "2001: Uma Odisséia no Espaço", porque lá vem o rebelde...Kevin Bacon!
* "Billy Elliot" (2000) - Durante as greves de mineiros numa pequena cidade da Inglaterra, o menino que dá título ao filme treina boxe ao lado de um estúdio de balé. Em pouco tempo, ele se encanta com a dança e começa a ter aulas escondido. Tá na cara que vai ser difícil para que ele mesmo e principalmente para que seu pai casca-grossa aceitem seu interesse inusitado.
* "No Balanço do Amor" (2001) - Depois de perder a mãe num trágico acidente e se mudar para uma nova cidade com o pai, a personagem de Julia Stiles conhece um rapaz negro que a ajuda a se integrar ao novo ambiente e expande seus horizontes ao apresentá-la ao hip hop. O casal precisa, então, encarar uma penca de preconceitos e fazer com que ela supere o trauma recente.
* "Dança Comigo" (2004) - Richard Gere é como o vinho (inevitável a metáfora de quinta mão). Além de todo o charme do ator, o filme ainda conta com a sempre irretocável Susan Sarandon como uma mulher de meia-idade que vê seu casamento esfriando, além da caliente Jennifer Lopez como a professora de dança de um grupo engraçadíssimo. Boa parte do charme da produção está nos coadjuvantes, como o advogado que criou um personagem latino para dançar sem virar piada no escritório e uma cabeleireira extravagante que se torna a rainha do estúdio à noite.
3 comentários:
Só pra pontuar...quem canta a música tema de Dirty Dance é o próprio Patrick e como não lembrar do nosso colega Diguinho da locadora que amava colocar esse filme pra ver o ator "vacilar" (definição de dançar para ele...)
dona luanda,
a minha sugestão de dança é esta.
http://www.youtube.com/watch?v=G4a-PxP9HWI
não segue a linha dois-pra-lá-dois-pra-cá, e sim algo mais chega-mais-pra-cá.
;)
Rodolfo,
isso não é dança. É sexo com roupa.
Postar um comentário