sábado, 20 de dezembro de 2008

Muito mais que uma cerca eletrificada


Apesar de ser bem vulnerável aos apelos midiáticos (tipos, chorar em episódios de Brother & Sisters e afins), pouquíssimas vezes saí do cinema tão impactada. O filme era "O Menino do Pijama Listrado", sobre a improvável amizade entre o filho de um oficial nazista (Bruno) e o prisioneiro de um campo de concentração (Shmuel), menininhos fofos de 8 anos que não têm com quem brincar. Quando Bruno e a família se mudam para o interior, ele vê da janela algo que imagina ser uma fazenda (na verdade, o campo) com moradores esquisitos que só usam pijamas listrados.   

Grande parte do filme está em mostrar os efeitos de uma verdade perturbadora sobre a família de Bruno - que não tem exata noção do que o pai dele faz nos campos nem do que é aquela fumaça negra e malcheirosa que sai da chaminé dos fornos crematórios -, a lavagem cerebral que legitimou o anti-semitismo para milhares de alemães e uma certa sabedoria infantil frente à irracionalidade dos adultos. 

Depois que descobre Shmuel, Bruno passa a ir todos os dias conversar com o menino e levar comida pra ele. Com os relatos do amigo sobre o cotidiano de exploração e falta de dignidade do campo, Bruno aos poucos vai percebendo que aquele homem de quem tinha tanto orgulho pode não ser nada do que imaginava. Ao contrário do que todos a sua volta dizem (que todos os judeus são ruins e responsáveis pelos males de que sofre o povo alemão), ele vê que a realidade é bem diferente de perto. Surpreendente, tanto pra ele quanto pra mim.

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