domingo, 16 de dezembro de 2007

Minha companhia? Eu mesma, ué!

Quando eu era adolescente, tinha agonia só de pensar em sair sozinha. Pra ir à padaria da esquina, tinha que ter uma amiga a tiracolo, como se só assim as experiências adiquirissem valor. Depois veio a fase de começar a namorar e, com ela, mais grude. Não dava pra escolher uma pasta de dente na farmácia sem chamar o dito-cujo.
Não estou dizendo que sair e se divertir acompanhada seja ruim (pelo contrário, é ótimo na maioria das vezes), o problema é quando a vontade de estar junto vira dependência. Quando você deixa de fazer algo que quer muito simplesmente por falta de companhia ou quando você não fica à vontade só.
Com o passar do tempo, fui aprendendo a saborear esses momentos all by myself para ter paz, refletir, agir de acordo com o meu tempo e me conhecer mais. Hoje, por exemplo, cheguei no Jardim Botânico (sozinha) às 8 da manhã e saí meio-dia. Caminhei, quase caí na lama, tentei interagir com os pavões (mission failed), observei os passantes, descansei deitada num banquinho ao lado do roseiral, li um pouco, ri da coroa jogando biscoito de polvilho para os pobres peixes do laguinho (ao lado da placa de "não alimente os animais"), me compadeci de uma debutante sendo fotografada (muito a contragosto, aliás) para um videobook do qual ela vai morrer de vergonha por toda a eternidade. Dolce far niente na veia.
Sair acompanhada é, quase sempre, uma delícia para compartilhar a vida com pessoas queridas (a rima brega não foi intencional), rir, debater etc. Estar só, como eu felizmente acabei descobrindo, também é, mas por outras razões. Ou seja, é apenas uma oportunidade diferente e igualmente rica.

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