domingo, 7 de junho de 2009

Figurante da vida real

Mesmo o telespectador mais distraído já deve ter reparado em um cidadão que aparece ao fundo em quase todas as externas do RJ TV. É um senhor baixinho, com cara de nordestino, sempre enfiado num terno e geralmente falando ao celular. Não interessa a pauta da matéria, lá está o homem disputando espaço em frente às câmeras com os curiosos. Outro dia, finalmente descobri a identidade dessa celebridade anônima: Jaime Dias Sabino, mais conhecido como Jaiminho.

Jaiminho diz que gosta de aparecer, sem saber explicar muito bem a razão. Além de ser presença constante no telejornal, cultiva um outro hábito incomum: ir a enterros de famosos e, quando possível, ajudar a levar o caixão. Afirma já ter se despedido de Getúlio Vargas, Chacrinha, Dina Sfat, Cazuza, Daniela Perez e centenas de outras personalidades (contabiliza ter ido a mais de mil enterros). Para ele, essa é uma forma de demonstrar respeito aos mortos e também de prestar uma espécie de... serviço aos presentes, consolando amigos e família. 

Ao ouvir o baiano contando sua história, fui ficando cada vez mais assustada com a fascinação que a mídia pode causar. Todos somos influenciados em maior ou menor grau por ela, mas é bizarro demais imaginar que um indivíduo passe a vida fazendo de tudo pra simplesmente aparecer na tela - ainda que de forma parasitária - e se sentir próximo das figuras expostas nos meios de comunicação.

É um nível de envolvimento que se baseia na fantasia de que só quem está lá é importante e existe de verdade. Que aqueles personagens que vemos todo dia na TV e nem fazem ideia de quem somos são semideuses com quem temos real intimidade. Já escutei que a televisão é uma máquina de criar ilusões. Mas será que não somos nós que fazemos com que estas ilusões floresçam até esse ponto insano?

3 comentários:

Unknown disse...

pra mim isso tudo é falta de sexo. HAHAHAHAHA
tô brincando, mas é bem isso mesmo, as pessoas precisam começar a se preocupar com coisas realmente importantes. Criar ilusões às vezes é necessário, mas viver delas é uma doença.

E PARTIU DIA DOS SOLTEIROS! =p

Anônimo disse...

Luanda, a mídia é tão forte que as grandes firmas dispendem de quantias milionárias para fazer propaganda das "qualidades" de seus produtos. Ela atua de certa forma que se não tivermos uma personalidade forte (maturidade), sucumbiremos aos seus aconselhamentos. Deixamos de fazer o que gostamos e queremos, e passamos para os modismos, que às vezes são até incomodos.
Da mesma forma atuam na nossa vaidade, como tão bem foi postado por você aquí no seu cantinho. Vaidade pura, né Luanda.
Beijinhos. Manoel.

Felipe Melo disse...

hauhuahuahuahuahahaa! Que figuraça que vc foi achar, hein? Muito bom! lembrei até de um "rap" (O Homem-Mídia) que eu escrevi tempos atrás [futuro hit... hahahahahaha], mais ou menos assim : O homem-mídia acorda cedo/ E já programa seu PC/ Só pra gravar tudo aquilo/ Que se passa na TV/ Durante o dia assiste ao vivo/ À noite assiste do HD/ Pra descansar de madrugada/ Vê um filme em DVD/ Devorando a programação/ De um jeito intenso e tão ilógico/ Mergulhando na ilusão/ Do tubo de raio catódico/ Sem descanso nem feriado/ Em um processo bem metódico/ Classificando de A a Z/ Cada tipo de periódico...

[e por aí vai...]