domingo, 21 de junho de 2009

A diva do apocalipse

Ela chegou sorrateira, cantando uma musiquinha boba de tão fácil, que colava instantaneamente na memória. Bastava ouvir uma vez pra começar logo a cantarolar "just dance/it's gonna be ok/ dara dara/ just dance". O nome trazia uma confiança quase pretensiosa: Lady Gaga, inspirada em Radio Ga Ga, música do Queen. A garota de 23 anos era uma mistura de princesa infernal, Cyndi Lauper, Elke Maravilha e Andy Warhol. Logo depois, o bafafá sobre a moça aterrisou por aqui também.      

O substantivo que melhor a descreve é "excesso". Na maquiagem, nos figurinos excêntricos, no cabelo loiro um passo além do artificial, na atitude ácida, nas declarações polêmicas, na sensualidade agressiva, na aparência longe do padrão. Se não fosse por isso, seria só mais uma aspirante a darling do pop. Boa voz? Ok. Músicas pegajosas? Ok. O álbum segura uma festa? Aham. Nada excepcional, no entanto. O trunfo de Lady Gaga está porém na personagem que ela cuidadosamente construiu para si.  

A cantora e compositora é, sim, um produto. A diferença é que, ao que parece, foi a própria Lady Gaga (nome de batismo: Stefani Joanne Angelina Germanotta) quem o criou e a grande graça, afinal, é brincar com a cultura das celebridades, aproveitando pra subverter os conceitos de sensualidade, beleza, retrô e inovação. Tudo nela grita simulação e estranhamento. No espetáculo chamado Lady Gaga, a música é o que menos importa. Como de costume.

4 comentários:

Vera disse...

Eu li algo sobre ela hoje... só não me lembro onde.

Ah, acabei de ouvir "mambembe".


;-))

Felipe Melo disse...

Personagens sempre foram criados desde que o mundo é mundo (desde a origem do nome, do teatro antigo grego e blá, blá, blá). Mas existe um fato curioso, particular dos dias atuais: quase não se "vende música" hoje em dia, pois ela "está aí, disponível...". Não conheço essa Lady Gaga (tem muita gente na fila pra eu conhecer antes dela... hehehe). Porém, mais do que nunca, (como diria o faustão, hehe) os personagens / ícones / celebridades / pop stars são necessários, pois se vende (e muito!) tudo que está por trás da música. Baixamos as músicas, mas pagamos caro (mui caro) pelos shows... não existe almoço grátis, não é mesmo?

Unknown disse...

eu continuo achando ela loira demais.

Unknown disse...

um amigo me disse uma vez "conhece Lady Gaga?" e eu disse "não, mas deve ser tosco horrores com esse nome!". E foi assim que a conheci.
não era o tipo de música que eu gostava de ouvir, mas grudou tanto nas festas que acabei aceitando e hoje percebo a importância (se é que posso dizer assim!) dela para a reflexão sobre o que a gente anda ouvindo.